quarta-feira, 27 de maio de 2009

turistas e ninjas

O MASP é realmente grande.
Não, não é.
Não importa.
Porque enquanto o pacífico cidadão paulista estontea-se com a grante realização arquitetônica do museu, imagine que um grupo de turistas visita o mesmo lugar.
Suponhamos que sejam turistas tchecos, mas só porque a expressão fica sonoramente agradável.
E um dos turistas, um bastante gordo presente corporeamente fixa o olhar num ponto do céu. Larga sua câmera, que deixa de ser câmera ao tocar o chão. Levanta o dedo ensalchichado em frente ao rosto que expressa uma espécie de ojeriza cítrica e berra em alto e bom português: "OLHONINJA!!!", conquanto não haja ninja algum.
Acontece que ninguém, com excessão dos turistas tchecos, sabe que não há ninja e todos olham para onde apontava o homem.
Apontava, pois deixou de apontar para se atirar ao chão, apoiar-se com uma mão, e levar a outra ao peito. Do peito curiosamente brotam boas porções dum líquilo viscoso, de tom vermelho escuro.
Em todos olhando para ele, ele exibe um instrumento conhecido por shuriken na mão que segurava o peito.
Eis que um outro turista tcheco, abismado, berra próximo ao local da cena: "OLHUMHOMEMFERIDO!!!".
Ocorre que todos já viram o homem estatelado no chão. E por isso mesmo viram-se para o que acabou de berrar. Este, mal terminando sua manifestação, atira-se ao chão, como que empurrado para trás. Leva uma mão ao peito, e logo a retira, molhada em líquido semelhante ao que brotava do outro. Na mesma mão, segura uma shuriken.
O incidente se repete por um número indeterminado de vezes, sempre envolvendo turistas tchecos (eram muitos, se isso não foi mencionado antes) estupefadamente berrando OLHADOISHOMENSFERIDOS, ou OLHADEZHOMENSFERIDOS, a depender do número de caídos, e sempre tendo o peito ferido por shurikens.

Lembre agora, o leitor, que tratava-se dum magnífico dia de sol (o que evidentemente não foi mencionado) na área térrea do Museu de Arte de São Paulo, plena avenida Paulista.
O que poucos haveriam de ter notado é que o líquido a que o autor deste relato (a palavra relato foi usada, feita a ressalva de que isto nunca ocorreu) se refere jamais foi determinado como sangue. Com efeito, trata-se duma bolsa de tinta escondida por debaixo da camisa, estourada quando os turistas - que em verdade não eram turistas - levavam a mão ao peito.
Da mesma forma, como foi veementemente afirmado pelo autor, não havia ninja algum na cena, o que leva a concluir que as shurikens apenas teriam saído da manga dos prórprios turistas.

E então imagine o leitor que, ainda que isso não tenha acontecido realmente, nada impede que aconteça.
Amigos, reuni-vos e vesti-vos em trajes tematicamente turistas, e encaminhai-vos ao MASP, e tornai essa idéia possível.
O projeto já existe, não espalhem para muitas pessoas, sobretudo para os não interessados. Para mais informações, contacte trojan.exe@lesma.com.br ou [inserir endereço de e-mail alternativo aqui].

Até mais ver.

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